06.12.2011 - Tertúlia "Fim do Império" - Realizou-se no dia 06.12.2011, na Galeria Municipal Verney, em Oeiras, mais uma sessão, integrada na Tertúlia “Fim do Império”, que constituiu o 24º encontro, deste ciclo de conferências. Desta vez o debate tinha como tema central a apresentação do livro intitulado Memórias do Oriente, da autoria do Coronel Dias Antunes. Simultaneamente, homenageou-se, postumamente, aquele distinto oficial superior das Forças Armadas Portuguesas, justamente, considerado por muitos dos presentes, como militar íntegro e frontal, que aliava a estas raras qualidades uma fé verdadeira na existência mística do homem.

Iniciou a sessão o Coronel Montez, Presidente do Núcleo de Oeiras da Liga dos Combatentes que, numa breve mas elucidativa intervenção, deu as boas vindas aos convidados e agradeceu a sua presença. A apresentação do homenageado esteve a cargo do Major – general António Marquilhas, fazendo uma longa mas esclarecedora dissertação, intervalada por oportunos comentários, que prendeu a atenção da plateia, maioritariamente constituída por antigos “Meninos da Luz”, contemporâneos do saudoso homenageado, naquele prestigiado estabelecimento de ensino ligado à instituição militar. Desde as vivências, por terras do Oriente, até à sua passagem pelo teatro de operações no Norte de Moçambique, o General António Marquilhas recordou com bastante riqueza de pormenor o amor e apego que o Coronel Dias Antunes, sempre dedicou aos territórios portugueses da Índia. Merece particular atenção o episódio ocorrido em Moçambique, durante a comissão de serviço que aí cumpriu por dever de oficio, numa localidade designada por Mutamba dos Macondes. As condições de vida, proporcionadas aos militares que se encontravam sob o seu comando, eram tão precárias e perigosas (constantemente flagelados pela guerrilha), que passavam a vida abrigados num buraco, para escaparem aos ataques constantes do inimigo. Porém, por sugestão de um soldado que em determinada ocasião resolveu solicitar-lhe autorização para os soldados rezarem o terço, prontamente, não só acedeu como decidiu associar-se aquela genuína ideia. Como resultado dessa iniciativa de cariz religioso, os nativos deixaram de atacar o aquartelamento e, assim, todos passaram a viver em paz, com Deus e os homens.

De registar também, a presença de vários familiares do homenageado, designadamente, a viúva, filhos e netos. O painel era constituído, para além do General António Marquilhas, pelo General Chito Rodrigues, Presidente da Direcção Central da Liga dos Combatentes; pelo Dr. Manuel Machado, representante da autarquia oeirense e pelo Dr. Pedro Dias Antunes, filho do autor. Uma referência especial merece o desempenho do Coronel Barão da Cunha, pela forma equilibrada e sensata demonstrada no papel, nem sempre fácil, de moderador. Como nota de rodapé é curioso salientar, a interessante revelação trazida à colação, a dado momento do debate. O Coronel Dias Antunes, num dos intervalos das comissões de serviço que prestou nas diversas províncias ultramarinas, foi colocado em Caçadores 5. Nesta unidade militar, ao ser convidado para desempenhar as funções de instrutor da Legião Portuguesa, aceitou com alguma relutância esse convite, sem que, no entanto, levasse até ao fim essa missão. Acabou por ser substituído, nessa inglória tarefa, por Otelo Saraiva de Carvalho.

Eduardo Varandas, Vogal da DC da LC