VI ENCONTRO DE COMBATENTES – TORONTO (CANADÁ)


19ABR09 - Realizou-se em Toronto o VI encontro de Combatentes, organizado pelo “Núcleo da Liga dos Combatentes” e “Ontário Association of Portuguese Veterans”. Tratou-se do 6º evento levado a efeito pelo “Ontário Association of Portuguese Veterans e do 1º enquanto “Núcleo da Liga dos Combatentes em Toronto”. Na sequência de convite dirigido ao Presidente da Direcção Central da LC, esteve presente, em sua representação, o coronel Faustino Alves Lucas Hilário, que presidiu ao acto. O encontro decorreu no salão de festas “Europa Catering” e nele participaram cerca de 300 pessoas, esgotando completamente a lotação disponibilizada para o efeito, que já se tinha revelado, previamente, insuficiente. Presentes, também, a Cônsul-geral de Portugal – Drª Maria Amélia Paiva, Monsenhor Eduardo Resendes – antigo capelão militar e o major Mike Gomes – luso-canadiano e oficial do Exército Canadiano. O protocolo e condução das diferentes actividades esteve a cargo da MC Ana Fernandes-Iria – Creative7 inc, sendo os Hinos de Portugal e do Canadá cantados por Nancy Costa, situação em que foi acompanhada por todos os presentes. Numa manifestação de grande entusiasmo, com o reencontro de amigos e camaradas de armas, que em alguns casos não se viam há muito, o reavivar de recordações e o desvanecimento das saudades, tudo junto, conduziram ao reviver de momentos difíceis de suas vidas, a um forte sentimento de cidadania e a extraordinários momentos de “memória partilhada”. Ao iniciar-se a refeição, Monsenhor Eduardo Resendes recordou alguns do principais momentos vividos enquanto capelão militar, reconhecendo o carácter brioso e humanista do “Combatente Português” e terminou lançando a tradicional bênção.


No uso da palavra, o Presidente, em exercício, do Núcleo de Toronto, Senhor Tibério Branco, agradeceu a presença dos convidados, aos quais fez referências muito elogiosas, e regozijou-se pela elevada adesão e entusiástica participação de todos os presentes. A Senhora Cônsul-geral dirigiu palavras de elevado apreço a todos os Combatentes e suas Famílias, reconhecendo-lhes um empenho constante por dignificarem as suas origens, honrarem o bom-nome de Portugal e constituírem um valioso contributo para o desenvolvimento do País que os acolheu. O major Mike Gomes, filho de pais oriundos de Ponte da Barca, enalteceu o nome de Portugal, valorizando o muito que os Portugueses fizeram pelo mundo e o que representaram em termos culturais e científicos.Por último usou da palavra o coronel Lucas Hilário que, após caracterizar a natureza do “Combatente por Portugal”, evidenciou alguns aspectos que afectaram, afectam e continuarão a afectar as respectivas vidas. De salientar, uma homenagem especial ”Mulher de Combatente”, à “Mulher Combatente”, à “Mulher mãe”, à “Mulher Esposa” e à “Mulher Noiva/Namorada”, aludindo a que a “Mulher Portuguesa”, foi e é, “Combatente” foi e é, “Heroína da Guerra do Ultramar”. Exortou, ainda, à continuação destes convívios, fazendo reflectir neles o espírito de união, repelindo, sempre o que o possa degradar. Por último, após a leitura do “Memorando de Entendimento”, documento que outorga ao “Ontário Association of Portuguese Veterans” a qualidade de “Núcleo da Liga dos Combatentes”, o Coronel Hilário procedeu à entrega da “Bandeira” e “Guião” da Instituição que passaram a integrar desde 6 de Junho de 2008.


À margem do convívio, o representante da LC: Em 17Abr09, esteve presente nos estúdios da FPTV – Festival Portuguese Television (Portuguese Digital Television), para participar em entrevista, em directo, no noticiário da noite daquela estação; esteve presente, em directo, na estação de rádio CIRV – Rádio Internacional (Multicultural Super Mix), com entrevista, em horário nobre, conduzida pela jornalista Maria Fernanda; participou num jantar oferecido pelo presidente do Sporting Clube de Portugal de Toronto; Em 18Abr09, realizou um tour turístico à região das cataratas do Niagara e “rota do vinho”, tendo almoçado, acompanhado de Combatentes” no “Complexo Turístico Niagara Falls” e participou num jantar privado com Combatentes e seus familiares; Em 19Abr09, participou na “Emissão Portuguesa”, no programa da manhã, da Estação de Rádio da rede italiana “Chin”; durante o convívio, que teve cobertura televisiva da “OMNI”, da rede “ROGERS Internacional), concedeu entrevistas aos reportes desta estação de televisão, ao jornalista Carlos Morgadinho da “Vénus Creations” e do jornal digital “Gentes da Diáspora” e ao jornalista Fernando Cruz Gomes do “Sun”, edição portuguesa; Em 20Abr09, participou num tour à cidade de Toronto e região das parias, almoçou com um grupo de Combatentes estabelecidos na cidade, visitou a “Associação Portuguesa de Deficientes”, estabeleceu contactos informais com vários “Combatentes, bem como com outros Portugueses, e participou numa reunião com cerca de 40 Combatentes para reflexão conjunta sobre a problemática dos Combatentes e onde foram apresentados a Liga dos Combatentes e o seus programas de acção, terminando com uma muito participada sessão de perguntas e respostas; durante o jantar teve oportunidade de contactar com um Combatente, acompanhado da mulher, que há mais de 30 anos tem acompanhamento psiquiátrico personalizado; em 21Abr09, almoçou com os Senhores Tibério Branco, Bento de São José, Eduardo Resende e Armando, elementos da Direcção da Associação que acompanharam e apoiaram o representante da LC.


PALAVRAS DO CORONEL LUCAS HILÁRIO NO VI CONVÍVIO DE COMBATENTES DO ONTÁRIO (CANADÁ) - EM 19 DE ABRIL DE 2009


Senhor Presidente da “Ontário Association of Portuguese Veterans” em funções e representante do Presidente do Núcleo de Toronto da Liga dos Combatentes
Senhor Tibério Branco
Senhora Cônsul Geral de Portugal – Dr.ª Maria Amélia Paiva
Monsenhor Eduardo Resendes
Senhores Membros da Direcção da Associação Portuguesa de Veteranos do Ontário
Senhor Bento São José
Senhor Eduardo Costa Resende
Senhor José Palmela
Senhor Victor Costa
Senhor Manuel Paulos
Senhor Arménio Costa
Senhores Combatentes por Portugal
Senhor Major Mike Gomes
Minhas Senhores e meus Senhores
É para mim, uma Honra representar, hoje e aqui, a Liga dos Combatentes.É, também, um privilégio participar no Almoço/Convívio anual daqueles que, combatendo pela Bandeira de Portugal, foram – e são ainda hoje – considerados dos melhores Soldados do Mundo. Os Combatentes que aqui estão, entre nós, viveram entre 1954 e 1974 um período muito difícil das suas vidas, “enfrentando perigos e guerras esforçados”, muitas vezes, “mais do que prometia a força humana”. Estes Combatentes, tal como os que, em 1385 estiveram em Aljubarrota, em 1640 garantiram a Restauração da Independência, em 1810 travaram os Franceses nas Linhas de Torres Vedras, na I GG foram “Heróis em França, por Portugal e pela Paz Universal”, na II GM foram ocupar posições geradoras de importância estratégica na conjuntura internacional – dizia – estes Combatentes garantiram a continuação de Portugal como Nação de quase 9 séculos de existência. Portugal foi e é obra de Soldados!


Foram eles que, generosa e dignamente, sempre estiveram presentes em todas as situações em que a incompetência da “Classe Política” se manifestou na resolução dos problemas criados por essa mesma Classe. Invocando o “Dever de Fidelidade” ao Juramento prestado perante o Estandarte Nacional, a “Classe Política” no “Poder” usou as Forças Armadas e criou, como entendeu, novos factos visando declinar responsabilidades que lhe cabiam, em exclusividade. O empenhamento das Forças Armadas resulta, sempre, do falhanço ou incapacidade da Diplomacia. A Diplomacia é uma actividade do “Poder Político”! Quando da existência de conflitos, aqueles que no “Poder” conduzem o “seu País” para a guerra, têm consciência de que é altamente provável que, durante esse mesmo conflito ou no final dele, deixem de ser “Actores do Poder” – deixam de ser “Poder”. Logo, sabendo isso, podem prometer o que, também sabem, não terão de cumprir. O novo “Poder”, saído do conflito, não considera, como suas, as responsabilidades provenientes dos seus antecessores e por isso não as assume, especialmente se elas não transferirem “crédito político”. E para não ter que assumir essas mesmas responsabilidades prepara condições de “rejeição social” e provoca o “sentimento de culpa” naqueles em quem foram geradas justas expectativas. Os Combatentes de 1954 a 1974, uma vez regressados a Portugal foram alvo do desenvolvimento de uma estratégia, pré-concebida, de “sobrevivência” da “Classe Política”:


• Eles, “Combatentes”, foram ignorados por quem os usou;
• Eles, “Combatentes”, foram culpabilizados por decisões que não foram suas;
• Eles, “Combatentes”, foram rejeitados pelo “Poder Político” emergente do conflito;
• Eles, “Combatentes”, foram humilhados por aqueles a quem competia acautelar os seus interesses;
• Eles, “Combatentes”, não sentiram o retribuir pelo esforço desenvolvido, mesmo que o fosse moral e publicamente, antes, foram desacreditados;
• Eles, “Combatentes”, foram intencionalmente divididos para que, desse modo, perdessem “a força que moralmente detinham”;
• Eles, “Combatentes”, viram os seus interesses entregues a quem, cumulativamente com a ignorância da “Causa Combatente”, porque não foram “Combatentes”, perseguia objectivos incompatíveis com a dignidade de “Homens de uma só cara”. Aqui pululavam jovens quadros militares e funcionárias desconhecedores do que era a condição de “Combatente”, dos seus verdadeiros problemas no âmbito médico, psicológico, psiquiátrico e social.

• Eles, “Combatentes”, foram peões no jogo de interesses políticopartidário, conduzidos por camuflados servidores do “Poder Instituído”. O interesse dos Governos dos diversos Países pelos seus “Combatentes” revelase pela importância que lhes dá no tratamento dos seus assuntos e, portanto na sua constituição. Permitam-me que, neste momento, preste homenagem aos vossos familiares que um dia vos viram partir, muitas vezes perdendo o principal apoio que tinham:


• O seu “Adeus” clamoroso e a angústia da partida faziam estremecer o “Cais da Rocha Conde Óbidos”, em Alcântara;
• Aquele “Adeus” onde se misturavam, simultaneamente, o choro da dor, o murmúrio da oração, o grito da súplica e as lágrimas de quem partia permanecia nos nossos ouvidos e na nossa cabeça “Barra fora”, acompanhava-nos até ao destino e dormia connosco todas noites. Igualmente eu gostaria de homenagear a “Mulher-Namorada”, a “Mulher- Noiva”, a “Mulher-Esposa” e “Mulher-Mãe” que suportou a ausência e que soube ser “Pai e Mãe” enquanto o “Pai do seu filho” apenas estava presente por fotografia. A “Mulher Portuguesa” foi e é Combatente! Melhor. A “Mulher Portuguesa” foi e é Heroína da Guerra do Ultramar Português:
• Foi, porque suportou as ausências e foi apoio moral;
• É, porque continua a suportar e a apoiar o “Seu Homem” que ainda hoje continua “Combatente” Aqui, na cidade mais multicultural do mundo, onde a Língua Portuguesa é a 3ª mais falada, estão nesta sala parte dos quase 300 000 Portugueses residentes
em Toronto, cuja população é de quase 3 000 000 habitantes. É neste contexto social e no principal pólo industrial e comercial do Canadá que esta Comunidade Portuguesa se insere pelo que, tenho a certeza, muito do que é importante na capital do Ontário é obra de Portugueses. É em convívios como estes que os Portugueses, que estão longe do País e da terra que os viu nascer, fortalecem o seu espírito de união e reforçam o ânimo para enfrentarem as dificuldades da diáspora. Este evento é um extraordinário e significativo acto de “Memória Partilhada” de um Povo e um processo de transmissão, aos vindouros, da Cultura e da Historia Contemporânea de Portugal. Aqui a História não narra apenas factos – contem o Homem, seu autor! A “Galeria dos Pioneiros”, é um extraordinário documento Histórico que deixa aos vossos filhos, netos e aos que se seguirem o “verdadeiro conhecimento” de uma parte de um Povo que um dia a Pátria viu partir e que, longe soube Honrar e Dignificar as suas gentes e a “condição humana” que os Portugueses tão bem sabem fazer. Exorto-vos a manter esta tradição reflectindo nela a “Camaradagem” e o “Espírito de União” que são apanágio dos Combatentes, independentemente desta qualidade ter vindo por terem servido na Marinha, no Exército ou na Força Aérea.

Façam-no sempre até que sejam apenas dois e quando ficar só um que saiba ter consigo todos os vossos vindouros e com eles recorde a memória de todos vós! Mantenham-se unidos e não se deixem dividir por razões que não servem os vossos interesses! “Aos 6 dias do mês de Junho de 2008, o Presidente da Direcção Central da “Liga dos Combatentes” e o Presidente da “Ontario Association of Portuguese Veterans” em Toronto, (Canadá), ouvida a Direcção Central da Liga dos Combatentes, decidiram reconhecer como Delegação da Liga dos Combatentes a “Ontario Association of Portuguese Veterans”. Mais recentemente a Direcção Central da Liga dos Combatentes, deliberou reconhecer como Núcleo da Instituição a “Ontario Association of Portuguese Veterans”.


Assim, por ocasião da 1ª visita, de um Combatente membro da Direcção Central da Instituição, assumi a Honrosa Missão de transportar e fazer entrega do Guião e Bandeira da quase centenária “Liga dos Combatentes”, da qual a vossa Associação se constitui Núcleo, com sede em Toronto Durante a minha permanência, estarei à vossa disposição hoje e amanhã (neste mesmo local e pelas 06 30 pm) para reflexão conjunta sobre temas afectos aos Combatentes.


Obrigado pela atenção que me dispensaram.

Faustino Alves Lucas Hilário
Coronel