31.05.2014 - O Núcleo da Liga dos Combatentes de Torres Vedras está a assinalar o primeiro centenário da Primeira Guerra Mundial, que na altura contou com a participação de militares portugueses. Entre as várias iniciativas que estão a ser organizadas para assinalar a efeméride realizou-se no passado dia 31 de maio, no auditório dos Paços do Concelho, um colóquio moderado por Carlos Guardado da Silva, diretor ' do Arquivo Municipal de Torres Vedras. O primeiro orador foi o coronel David Martelo, que falou das origens e causas daquele conflito. A sua intervenção teve por base a sua investigação nessa área, que deu origem ao livro «Origens da Grande Guerra», editado pelas Edições Silabo. A seguir interveio o coronel Manuel Mourão para falar também das origens do conflito, mas concretamente do Plano Schlieffen, segundo o qual a Alemanha tencionava atacar a frança para obter uma vitória rápida e decisiva e depois partir para o ataque à Rússia. O terceiro orador foi o historiador torriense Venerando Aspra de Matos, para falar da vida em Torres Vedras na época da Primeira Guerra Mundial, referindo-se a jornais torrienses daquela altura, como «A Vinha de Torres Vedras» (cujo diretor era Júlio Vieira e que se publicou entre 1894 e 1920), «A Voz de Torres» (1914-1915) e o «Ecos de Torres» (1917-1921).

Segundo Venerando de Matos aos poucos os torrienses começaram a ficar mais preocupados, sobretudo com a eventual falta de luz, uma vez que a energia elétrica na então vila tinha sido inaugurada em 1912. Em 1915 começa mesmo a haver um clima de medo entre a população. Entre os dias 8 e 30 de outubro de 1916 esse receio reforçou-se com a presença no concelho da 1.ª Divisão de tropas portuguesas, aqui estacionada antes de partir para França, centenas de jovens naturais de Torres Vedras participaram nessa campanha militar e o jornal «A Vinha de Torres Vedras» enviava gratuitamente as suas edições para os soldados que estavam na frente de batalha. De acordo com Venerando de Matos, em Portugal passou a haver escassez de alimentos e os preços subiram, mas no concelho não chegou a haver fome extrema, já que era uma região rica em agricultura! A finalizar, o historiador sugeriu ainda que seja erguido um monumento aos mortos da Primeira Grande Guerra, com os nomes de todos os torrienses que lá combateram, ideia que já tinha sido avançada em 1932 pelo «Jornal de Torres Vedras» O colóquio foi encerrado pelo Secretário-geral da Liga dos Combatentes, Coronel Lucas Hilário onde contou também com a presença da vereadora Ana Umbelino Vice-presidente da Câmara Municipal.